Herbert Hette |
ARIANO SUASSUNA
O médico disse 'aneurisma, avc, isquemia, estemose, fibrilação...' O místico disse 'talvez chegou a hora dele, Deus chamou, o destino...' A jovem mamãe disse 'virou estrela...' Nossa Senhora teria dito, 'senti falta dele...' O sertanejo, 'morreu um cabra bão!' O ateu pensou, mas 'que a terra lhe seja leve...' O debochado sorriu todo, 'morreu de velhice...' Talvez o corrupto dissesse aquelas coisas que todos os políticos falam na beira de caixões de celebridades, 'era um grande homem, vai fazer falta, foi isso, foi aquilo, era isso e aquilo mais...' Seus pares Imortais dirão 'morreu mais um...' Já o teólogo diria 'o Auto é uma encenação religiosa teatral medieval, com cânticos, bailados, declamações e de gosto popular... mas isso não salva a alma do pecador!' O padre conserta, talvez salvando o teólogo de uma gafe, 'mas esse Ariano Suassuna vai direto pro céu...' O repórter e o jornalista sempre dizem 'Morreu hoje, aos 87 anos, o escritor, filósofo, poeta, dramaturgo e professor... nascido na Paraíba... e autor do Auto da Compadecida, Uma Mulher Vestida, O Santo e a Porca, O Rei Degolado Nas Caatingas do Sertão... o corpo está sendo velado no...' Se fosse eu a falar qualquer trem, logo eu que já não sou e nunca fui lá tão chegado a coisas post mortem, concordaria com o ilustre e amado falecido, 'Ao redor do buraco tudo é beira'... |
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